Para que se tenha um conhecimento mais preciso sobre a origem do InSaúde – Instituto de Pesquisa e Gestão em Saúde, temos que voltar ao ano de 1928 na cidade de Bernardino de Campos no Estado de São Paulo, mais precisamente no dia 19 de março, quando mudou-se para a cidade o novo vigário da paróquia, o Padre Francisco Geraldo Pedro van der Maas.

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De origem Holandesa, o Padre Francisco chegou ao Brasil, como missionário, em 1915.

Filósofo, Teólogo e com formação humanística na Bélgica, desenvolveu marcantes atividades em cidades brasileiras por onde passou como, Pouso Alegre, Bauru, Conceição de Monte Alegre, até ser designado para Bernardino de Campos.

Em Bauru, a passagem e projeto mais marcante na época. A seu pedido chegam à cidade em 1926 as Missionárias Apóstolas que possibilitaram ao Padre Francisco iniciar as obras do Externato São José em 1921.

Foi confiada às Irmãs Apóstolas a missão de manter e ampliar a obra educacional e mais, zelar pela formação espiritual das crianças da cidade. Obra educacional que resultou na hoje reconhecida Universidade Sagrado Coração da cidade de Bauru.

Dois anos depois (1928), o Padre Francisco Geraldo Pedro van der Maas designado como vigário da paróquia de Bernardino de Campos, com seus ideais humanitários e sociais e a constante preocupação com os menos favorecidos, aproximou-se muito da população local, com a idealização e participação efetiva em diversas obras sociais implantadas na cidade nos anos seguintes, como o Asilo São Vicente e a Cooperativa de Consumo Bernardinense.

A de se enfatizar a importância dessas ações, visto que Bernardino de Campos teria passado a condição de Município apenas cinco anos antes da chegada do Padre Francisco à cidade, com emancipação datada de 22 de dezembro de 1923.

Mas a forte vocação humanitária do Padre Francisco e os ideais de maior atenção aos necessitados resultaram no seu desafio mais expressivo e importante para a região, que foi projetar e implantar uma obra social na área da Saúde.

A carência da cidade no atendimento médico, principalmente aos mais necessitados, fez com que o Padre Francisco em 1939, período de início da segunda guerra mundial, com o apoio da Irmandade da Sagrada Família Jesus Maria José, objetivasse a construção de uma Santa Casa para atender a população local.

Teve inicio então, em 1941, com muita dificuldade financeira e árduo trabalho, o projeto e a construção do Hospital, com obra custeada pelas contribuições do Governo e Câmara Municipal e principalmente da população da cidade. Obra concluída integralmente em 1948, já no período do pós-guerra.

Em 1º. de agosto de 1948, uma Assembleia Geral convocada pelo Padre Francisco, com a participação da direção da Irmandade da Sagrada Família Jesus Maria José, constitui a Santa Casa Jesus Maria José e institui o seu primeiro estatuto social, nomeando o Padre Francisco Geraldo Pedro van der Maas como Provedor da entidade e elegendo membros da Irmandade da Sagrada Família como Diretores e Conselheiros.

Inaugurava-se então, após publicação, em 08 de agosto de 1948, o Hospital da Santa Casa Jesus Maria José, que representa até hoje a mais importante conquista da população local na área da saúde.

A forte vocação filantrópica e social passou a nortear todos os trabalhos realizados pela Santa Casa, que já no Capítulo I, artigo 2º, parágrafo único do estatuto registrava:

“Os seus socorros serão prestados aos enfermos necessitados, sem distinção de idade, sexo, crença religiosa ou política e nacionalidade”.

A Direção formada pela Irmandade da Sagrada Família, passou a trabalhar incansavelmente na captação de recursos financeiros e doações de equipamentos, com participação da população em três frentes: contribuintes, protetores e beneméritos, e com a atuação valorosa de profissionais médicos voluntários.

O resultado do esforço da administração e a generosidade da população local possibilitou a inauguração em 08 de dezembro de 1952, de um novo prédio para abrigar a Maternidade. Essa ampliação só foi possível graças a doação de um terreno vizinho ao hospital, pela Sra. Lucrécia Alves Garcia.

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Com o passar dos dias, a crescente dependência da população local e de cidades vizinhas e, com isso, o crescimento acentuado na atuação da Santa Casa, exigiu uma maior organização e profissionalização das atividades.

Para solucionar, a Direção da Santa Casa convidou missionárias da Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria, que aceitaram, absorveram os trabalhos e iniciaram o atendimento em 1º. de fevereiro de 1955.

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O primeiro paciente foi a Sra. Aquilina Prandini, que no dia seguinte deu a luz a uma menina Edna Maria Prandini, que hoje relembra com emoção sobre a forma carinhosa e humana como sempre foram tratadas pelas Irmãs da Santa Casa.

A Senhora Edna, exemplifica esse carinho lembrando:

“Até o período de minha adolescência, todo ano eu recebia um cartão cumprimentando pelo meu aniversário, vindo diretamente da Congregação Missionária na Itália, origem das Irmãs que atuavam na Santa Casa na época. Eu menina, corria até o Hospital com o cartão nas mãos e as Irmãs carinhosamente traduziam as mensagens para mim.”

E assim sempre foi o convívio, os cuidados e a atenção das Irmãs com a comunidade.

Diante dos resultados positivos e expressivos alcançados pelas Irmãs, o Provedor, já na época Monsenhor Francisco Geraldo Pedro van der Maas, propôs aos associados e conselheiros em Assembleia datada de 31 de dezembro de1955, que o controle total da Instituição (administração, direção e propriedade), fosse passado para a Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria. A proposta recebeu aprovação unânime.

Certamente, a iniciativa valorizava profissionalmente a administração hospitalar, a gestão dos serviços especializados, a formação e experiência profissional de todas as pessoas que atuavam na assistência oferecida pela Santa Casa Jesus Maria José.

A vocação beneficente, o entusiasmo e experiência das precursoras associadas que passaram a compor a direção da Santa Casa, mantiveram e ampliaram os princípios e objetivos humanitários e sociais, que sempre conduziram os trabalhos e ações desenvolvidas.

Essas orientações foram sendo repassadas e mantidas pelas irmãs sucessoras enquanto estiveram em atividade.

São precursoras:

. na Presidência, Assunta Binaghi, (Madre Maria Veneranda Binaghi);

. na Secretaria, Maria Benicia de Paiva (Madre Maria Zita de Paiva);

. e na Tesouraria, Izaura Conti (Irmã Maria Clementina Conti).

Registra-se de igual forma o trabalho das primeiras Conselheiras da nova gestão:

. Anunciata Stramandinoli (Madre Maria Vicentina);

. Leocácia de Camargo (Irmã Maria Diomira);

. Erotildes Machado do Nascimento (Irmã Maria Lucia);

. Maria Ranica (Irmã Maria Stefana).

Com a nova direção, já em 19.03.1961 mais uma conquista!

Depois de árduo trabalho, a inauguração de um Centro Cirúrgico e Obstétrico, totalmente custeado por doações da população local.

A importância da Santa Casa Jesus Maria José, para a população de Bernardino de Campos e cidades vizinhas, como entidade beneficente de assistência na área da saúde, pode ser medida e reconhecida por ações projetadas pela própria população.

Festas, shows e bazares beneficentes são organizados em prol da Santa Casa, que aplica esses recursos na manutenção das instalações e equipamentos.

A menção de datas históricas, em um primeiro momento pode não refletir a importância de alguns fatos da época. Porém, devemos lembrar que a estrutura hospitalar como conhecemos hoje em nosso país, teve início na mesma época em que o então Padre Francisco, arrojou e colocou acima das dificuldades técnicas e financeiras o cuidado com a saúde das pessoas.

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Nos mais de 67 anos de atuação, nada mudou com relação à dependência da população pelo atendimento da Santa Casa.

Somente a manutenção dos princípios humanitários que levaram à criação da entidade, muita dedicação e equipe comprometida com os objetivos que sempre nortearam as ações desde a criação da Santa Casa Jesus Maria José, para resistir por tantos anos.

É certo que muitas conquistas tiveram apoio imprescindível da Prefeitura e Câmara Municipal, bem como, de recursos provenientes de importantes emendas de Parlamentares.

O empresário Antônio Ermírio de Moraes, em 2005 doou um sistema de energia solar que resultou em significativa redução de consumo de energia elétrica.

Em março de 2012, um grupo de empresários, em uma campanha liderada pelo Sr. José Francisco Veiga Rodrigues se solidarizaram com os anseios da direção da Santa Casa e assumiram os custos de uma grande reforma nas instalações.

A Pró-Vida (Associação Dr. Celso Charuri)  em 2014, doou um sistema completo de lavanderia, geladeiras para vacina, autoclave e outros itens que atenderam totalmente às necessidades registradas naquele momento.

Esses exemplos de atuação e conquistas demonstram a importância de uma gestão hospitalar bem sucedida, respeitada, participativa, dedicada, comprometida com os resultados e que muito pode e precisa fazer na área da saúde por todo o território brasileiro.

Para isso, os gestores experientes precisam estar atentos, ampliando o olhar e acompanhando de forma sistemática as profundas transformações do sistema de saúde brasileiro, cada vez mais complexo e carente de gestão de qualidade.

Com essa visão, a Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria decidiram, após toda a experiência acumulada, que muito mais poderia ser feito fora dos limites estabelecidos pela Congregação no início da tão bem sucedida caminhada.

Com a decisão de modernizar a gestão e ampliar a atuação da administração, a direção da Santa Casa Jesus Maria José em 2014 convidou para integrar a diretoria, um grupo de experientes e importantes gestores na área da saúde em nosso país.

A partir de um ponto de vista profissional, humanitário e social, esses profissionais passaram a compor a equipe de direção existente com um desafio, o de modernizar a gestão do hospital e ampliar a atuação, levando a outras instituições os conhecimentos, experiências, modernas técnicas de gestão, humanização na saúde e sustentabilidade.

A perfeita integração na direção, entre as Irmãs e a nova equipe de profissionais, fez com que já em 22 de setembro de 2015 a Santa Casa se transformasse em uma instituição de atuação nacional.

Com essa decisão a entidade passou a denominar-se em Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde – InSaúde, tendo como uma de suas unidades a Santa Casa Jesus Maria José, preservando dessa forma toda a importância histórica dos mais de 67 anos de atuação.

O reconhecimento de todo o trabalho realizado, levou a Instituição a ser declarada entidade de “Utilidade Pública”:

. pelo Governo Municipal pela Lei nº. 203 de 22 de junho de 1965;

. pelo Governo Estadual pelo Decreto nº. 42.380 de 30 de outubro de 1997; e

. pelo Governo Federal pelo Decreto nº.66.245 de 25 de fevereiro de 1970.

Em 2 de julho de 1975, a instituição foi certificada como Entidade de Fins Filantrópicos, que hoje denominasse Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS.


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Só se escreve uma história de sucesso na gestão da saúde, com vocação humanitária, disposição para constantes pesquisas, transmissão de conhecimentos, profissionalismo e principalmente ética e responsabilidade social.

Assim é o InSaúde – Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde.